quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

BES PROCURA 20 "CRAQUES DA BOLA" PARA CONTRACENAR COM RONALDO EM MADRID


O Banco Espírito Santo arranca hoje com um desafio “aos jovens talentos portugueses com pé para a bola”, tal como explica em comunicado o banco. Os 20 melhores vão contracenar com o Cristiano Ronaldo em Madrid, no próximo anúncio que vai filmar para o BES, em Março.

Segundo avança o BES, “os candidatos só têm que ser uns verdadeiros artistas do ‘street soccer’ e, puxando pelas suas maiores capacidades e resistência em aguentar a bola no ar, fazer o upload de um vídeo com a sua melhor performance até dia 26 de Fevereiro”. www.voufilmarcomronaldo.sapo.pt.

A convocatória é feita a partir de hoje na TV, através de uma parceria exclusiva com a TVI, na rádio, com acções especiais nas Manhãs da Comercial, no portal Sapo (digital partner da iniciativa), no Facebook e em acções de marketing relacional com os clientes mais jovens do BES, conta o banco, adiantando que a acção está alinhada com a actual campanha de apoio do BES à presença da Selecção Nacional no Mundial de África do Sul - “O BES tem um Feeling”, que conta actualmente com os jogadores Liedson, Nuno Gomes e Bruno Alves.

in Briefing

A CRISE ENERGÉTICA

Andamos há algum tempo a falar da Crise. Tempo demais, acho eu. Crise com maiúscula porque é de um nome próprio que se trata. A Crise, que tem a sua génese no mercado financeiro americano alastrou-se a muitos outros mercados, passando a ser mundial. Foi, portanto, baptizada no seu início de “Financeira”, depois “Mundial” e, porque estas coisas têm sempre efeitos colaterais, bateu à porta das empresas e chamou-se a partir daí de “Económica”. Mas não ficou por aqui e designou-se mais tarde de “Social”, fruto da onda de despedimentos que originou. Como se de um nome daqueles à moda antiga, que é composto por vários apelidos, se tratasse, esta Crise ganhou outro que foi “Confiança”. Basicamente, o povo anda em pânico.

Chegamos pois a este nome: Crise Financeira Mundial e Económica e Social de Confiança. Que bonito!

Para mim é bem mais simples: é uma Crise Energética. Pura e simplesmente tira a energia às pessoas. Leia-se tira “pica”, tira garra, tira vontade, tira adrenalina, tira empreendedorismo, tira entusiasmo, tira “brilho dos olhos”, tira empowerment, tira gozo, tira alegria. E tira tesão, no sentido amplo do termo, claro. Aliás, só falar, ler ou neste caso escrever sobre a Crise deixa-me prostrado!

Mas, contrariamente à “Crise Financeira Mundial e Económica e Social de Confiança”, a resolução da Crise Energética está na mão de cada um de nós. Mais, da mesma forma que a Crise Financeira despoletou todas as outras, aposto que se acabarmos com a Crise Energética teremos o fenómeno contrário – sepultamos a Crise. Sugiro então 10 medidas muito simples para a combater (claro que as podem utilizar noutras situações):

1. Não ler as primeiras 10 páginas dos jornais nem assistir aos primeiros 10 minutos dos telejornais. É simples, os problemas existem mas “longe da vista, longe do coração. Aproveitem estes minutos para darem um olá à Tyra Banks (mais anafadinha mas continua muito bem) ou se quiserem uma coisa à laia da nossa Júlia Pinheiro, mas com mais categoria e com umas convidadas sem bigode, experimentem a Oprah. Se nada disto for a vossa onda têm sempre o Eládio Clímaco na RTP Memória como locutor dos Jogos Sem Fronteiras.

2.Se alguém num corredor, no elevador, num jantar ou em qualquer outro sítio utilizar a palavra “Crise” mudem de conversa. São pessoas pessimistas. Aliás, pessimismo é uma doença contagiosa. Ninguém é obrigado a ser válvula de escape alheia. Falar sobre o tempo é sempre interessante ainda por cima agora que está bom. Mudou há uns dias, caso não tenham reparado porque estiveram compenetrados a ler, ouvir ou falar da Crise. Isso é que vai ser falar daquele almoço ao “solinho”, ali nas Azenhas do Mar. Como os tipos têm várias entradas, têm aí pano para mangas para a conversa não mudar de azimute pelo menos durante 10 ou 15 minutos.

3. Evitem falar com amigos que trabalham em bancos, seguradoras, corretoras, bolsa ou qualquer outra instituição financeira. Mesmo que seja só um encontro ou uma conversa de carácter pessoal, o tema da Crise vem seguramente para cima da mesa. E depois acontece o costume. Todos nós temos uma opinião, mas aquela gente tem sempre uma visão muito particular e quer sempre impressionar com um dado qualquer a que só eles tiveram acesso. Que malta brilhante e bem informada!

4. No caso de serem responsáveis por uma empresa, plano de negócio, conta de exploração, orçamento familiar ou outro qualquer budget não dediquem muito tempo aos números (ok, pode ser, no máximo 2 ou 3% do vosso tempo). O efeito é o mesmo de uma pessoa que está a fazer dieta e todos os dias vai à balança para ver se está a emagrecer. Os resultados não se vêem no dia a dia. Se o tentarem fazer ainda ficam mais desanimados, voltam a enfardar e engordam outra vez.

5. Estejam e cuidem das Pessoas e dos Clientes que trabalham convosco. Atenção, o pressuposto deste ponto é que têm que ter no vosso Departamento Financeiro uma Paula Cortez e uma Vanda Silva para poderem andar descansados com as contas. Alguma coisa, o 120 (telefone da Paula) ou o 112 (telefone da Vanda – número de emergências de Portugal e da Proximity) liga. Sobre este ponto, hoje sinto-me muito feliz. Devo ser a primeira pessoa que destaca publicamente a importância de um bom financeiro na nossa actividade.

6. O nosso cérebro está dividido em dois lados: o esquerdo, mais lógico, metódico, objectivo e racional e o direito, mais criativo, subjectivo, emocional e espontâneo. Allen Rosenshine (que antecedeu o Andrew Robertson na liderança da BBDO Worldwide) no seu livro Funny Business, diz sobre a nossa actividade o seguinte: “...at the end of the day, compared to most vocations, advertising just doesn’t rank as a serious business.”. Posto isto, se o nosso negócio é pura e simplesmente criativo e “pouco sério” e é daqui que ganhamos dinheiro, porque é que para evoluir, aprender mais e ser melhor, a malta anda nos MBA’s, nas Pós-Graduações, nas especializações, etc, etc...desenvolvendo a parte esquerda do cérebro. Na nossa actividade, para sermos ainda melhores temos que ser cada vez mais mais loucos, mais arrojados, mais “carta fora do baralho”, “mais ovelha negra”. Desenvolvam o lado direito e tirem cursos de cozinha, de enologia, de jardinagem, música ou de pintura. Façam pilates ou yoga. Aprendam a dançar e convidem alguém de quem realmente gostam para ser vosso par. Tornem-se mais completos, interessantes e inspiradores.

7. Sempre me ensinaram que devemos aprender com os que sabem mais, aqueles que são mais velhos ou que têm mais experiência. Começo pelos segundos para falar dos brasileiros que em matéria de sofrer com a Crise, meus amigos, não devem nada a ninguém. Pois bem, os nossos primos levam a vida pela parte do “copo meio cheio” e não “meio vazio”. Muito alto astral, muito carnaval e muito samba. Luís Fernando Veríssimo um conhecido escritor brasileiro, que também foi publicitário, resume primorosamente este espírito: “Tudo acaba bem. Se não está bem, é porque ainda não acabou.” Portanto, calma, muito calma que o “diabo não está sempre atrás da porta”.

No que respeita aos mais velhos, recorro aos chineses. Representam “Crise” através do ideograma que resulta da combinação de dois símbolos. Um significa "perigo" e o outro "oportunidade". Em vez da ênfase excessiva em teorias medíocres, no excesso de autocrítica, autoflagelação ou justificações erróneas, os chineses encontram sempre um lado bom e uma “luz ao fundo do túnel”. Agora o melhor disto tudo é que o ideograma chinês para "Crise" é também empregue para expressar "criatividade", dependendo do contexto ou frase em que se encontra inserido. Assim, para os chineses, os dois conceitos “Crise” e “criatividade” são unidos como gémeos siameses. Afinal até é bom para nós que somos criativos, não somos?

8. “Work hard, play harder”. Bem sei que há pessoas que trabalham muito e não têm tempo para nada. Acho estranho, muito estranho. Conheço várias pessoas assim, daquelas que mal um tipo chega ao pé começam logo a bufar e a dizer que têm muito trabalho. Têm sempre muito trabalho. Que tristeza. Ainda não perceberam que alguma coisa não está bem. Sugiro por isso o seguinte: se for uma dessas pessoas, cure-se e só há uma forma de o fazer – curtir mais do que o que trabalha; se for dos outros que quando trabalha diz que trabalha e quando tem menos que fazer também o assume, afaste-se dos primeiros. Este ponto é importante porque tem, quer para as pessoas do primeiro tipo, quer para as pessoas do segundo tipo uma coisa em comum: aconteça o que acontecer, há sempre um lado fun e divertido da vida que é sempre importante ter e desenvolver, sob pena de, em situações mais difíceis como aquela que estamos a viver, perdermos o tino e o discernimento para ficarmos absorvidos só pelos problemas. Tira muita energia.

9. Procurar estar com pessoas que vencem e que são positivas. Se não conhecerem ninguém, procurem. Aquela máxima do “junta-te aos bons e serás como eles” faz muito sentido. Para mais agora.

10. Por último, “querer é poder”. Esta medida é a mais importante. Cada um de nós tem que querer. Querer não significa “achar bem que se podia fazer isto ou aquilo” ou apenas dar umas ideias. Querer significa fazer acontecer, tomar uma atitude, sair da zona de conforto e dar um passo em frente. Vejo muita gente a criticar isto ou aquilo, a mandar uns “bitaites” mas fazer, está quieto.

Utilizei a palavra “Crise” 21 vezes. Peço-vos desculpa. A partir de agora acabou! Experimentem também e vejam que se vão sentir muito melhor. Com mais energia, que o resto vem por acréscimo.

Nuno Antunes